O COOPERATIVISMO BRASILEIRO EM TEMPOS DE COVID-19
- Por: Infogen
O AGRONEGÓCIO NÃO PARA E O COOPERATIVISMO AGROPECUÁRIO, VEM
MOSTRANDO SEU PAPEL PROTAGONISTA E SUA FUNDAMENTAL MISSÃO EM TEMPOS DE
PANDEMIA
O ano de 2020 será marcado pela pandemia mundial do Coronavírus (Covid-19). Serviços não essenciais estão paralisados e o trabalho home office tornou-se a saída para minimizar o colapso da economia. Nesse contexto, a importância do produtor rural e das cooperativas agropecuárias ganha ainda mais importância, visto que a produção de alimentos à população é primordial. O agronegócio brasileiro não parou e o cooperativismo agropecuário, vem mostrando seu papel protagonista e sua missão fundamental: produzir alimento de qualidade para o Brasil e muitos outros países.
As cooperativas agropecuárias viabilizam os negócios dos cooperados intermediando melhores condições junto ao mercado e também prestando serviços de assistência técnica, armazenagem e industrialização da produção, resultando em melhores condições de renda aos cooperados, produtos de qualidade e elevação no número de empregados diretos. Segundo dados do Anuário Brasileiro de Cooperativismo, somente o ramo Agropecuário é responsável por registrar um aumento no número de empregos de 16% no período de 2014 a 2018. Um incremento significativo de 43,67% nos últimos 08 anos, resultado dos fortes investimentos e da ampliação da capacidade agroindustrial das cooperativas.
Em todo o mundo, existem 1,2 milhão de cooperativas agropecuárias de acordo com o World Cooperative Monitor (2018). O Brasil tem 1.613 cooperativas do ramo agropecuário, distribuídos em todo seu território, são 1 milhão de cooperados gerando 209,8 mil empregos.
Para
se ter uma ideia as cooperativas
recolheram aos cofres públicos R$ 7 bilhões, em impostos e tributos, apenas em
2018. Também fizemos a economia girar no ano passado, ao injetarmos mais de R$
9 bilhões, apenas com o pagamento de salários outros benefícios destinados a
colaboradores. As cooperativas também movimentam o comercio
exterior, sendo Rio Grande do Sul, seguido por Paraná, São Paulo, Minas Gerais,
e Santa Catarina os maiores exportadores de produtos agropecuários do Brasil.
Arroz, trigo, milho, feijão, soja, leite, frutas, verduras entre muitos outros produtos
são produzidos com qualidade pelas cooperativas Brasileiras.
Mas, em tempos de pandemia, o desafio parece maior. O aumento dos casos no mundo e no Brasil, observou-se desdobramentos diretos na produção de alimentos, com impactos na cadeia do agronegócio e na distribuição de alimentos, principalmente durante o pico de contaminações no país, ocorridos em junho, julho e agosto. A questão é que o COVID-19 pode beneficiar algumas culturas e impactar negativamente outras. A cadeia de grãos não tem sofrido tanto com a crise, visto que os estoques estão elevados e a colheita mundial foi acima do esperado, não havendo possibilidade de falta de alimentos. O desafio que se configura para o setor é a logística para escoamento da produção, a distribuição às plantas industriais e a exportação.
Produção de grãos, frutas, legumes e verduras
Com os produtores rurais mantendo
as atividades, a estimativa da produção de grãos passou de 251,9 milhões de
toneladas para 251,8 milhões de toneladas, uma queda de aproximadamente 100 mil
toneladas. Os níveis recordes de colheita estão mantidos, conforme o 7º
Levantamento da Safra divulgado nesta quinta-feira (9) pela Companhia Nacional
de Abastecimento (Conab).
A área total cultivada é estimada
em 65,1 milhões de hectares. A soja e o milho são os produtos que impulsionam o
bom resultado. A soja deve apresentar uma produção de 122,1 milhões de
toneladas. O maior desempenho já registrado da cultura ocorre mesmo com a
estiagem no Sul do país, registrada no início do ano, sobretudo no Rio Grande
do Sul. Nas demais regiões, a oleaginosa permanece como um dos principais
produtos em razão do clima favorável e do crescimento na área de 2,7% em
relação à última temporada.
O milho deve apresentar colheita
de 101,9 milhões de toneladas. A maior parte é esperada na segunda safra do
cereal, quando se estima uma produção de 75,4 milhões de toneladas. A área
tende a crescer 4,5% comparada com a da safra anterior e pode atingir 13,5
milhões de hectares. De acordo com a Conab, o plantio do grão encontra-se em
estágio avançado, principalmente no Mato Grosso, principal estado produtor, que
já finalizou a semeadura, assim como Goiás, Tocantins e Maranhão. Paraná,
Mato Grosso do Sul e Piauí têm mais de 90% da área semeada.
As lavouras de algodão, arroz,
feijão e sorgo devem registrar incremento na produção. No caso do arroz, o
aumento está relacionado ao maior cultivo da cultura em áreas irrigadas, com
mais produtividade. O rizicultor continua investindo em tecnologias, que
permite a manutenção da produção, atendendo o consumo nacional.
O algodão também deve apresentar
a maior produção já registrada na série histórica, com uma colheita estimada em
2,88 milhões de toneladas da pluma do grão, influenciada pelos grandes
investimentos no setor e pela expansão de área cultivada, aliada às boas
condições climáticas encontradas nas principais regiões produtoras.
Em relação às frutas, legumes e
verduras, devido às recomendações de isolamento social, o segmento vem
enfrentando uma demanda reduzida, tanto no varejo quanto nas áreas produtoras.
Essa queda na demanda se dá pela diminuição do giro de vendas por conta do
isolamento social. O problema de logística também é evidenciado. A expectativa
é que os produtos mais perecíveis devem sofrer com a queda no consumo, pois os
consumidores estão priorizando alimentos de maior durabilidade e
industrializados.
Agricultura familiar
As cooperativas da agricultura
familiar são importantes agentes na manutenção da segurança alimentar de
estudantes de escolas públicas, de hospitais e de famílias que se encontram em
situação de vulnerabilidade social, através do Programa de Aquisição de
Alimentos da Agricultura Familiar (PAA) e do Programa Nacional de Alimentação
Escolar (PNAE). Muitos produtores estão enfrentando dificuldades para escoar a
produção de frutas e hortaliças nesse período de isolamento social e fechamento
das escolas. Segundo informações divulgadas pela Confederação Nacional da
Agricultura e Pecuária (CNA), o setor é um dos mais atingidos pela crise da
Covid-19, uma vez que escolas, restaurantes, bares e feiras livres estão
fechados ou reduziram significativamente a demanda. Essa situação está fazendo
com que muitos produtores tenham que descartar toda a produção. Para minimizar
os impactos no setor, a CNA está pleiteando, junto ao Governo Federal, a
ampliação das compras governamentais de alimentos, assim como a ampliação da
rede de fornecedores às grandes redes de varejo e buscando alternativas para
venda online dos produtos pelas cooperativas e produtores rurais.
No último dia 30 de março, o
Senado Federal aprovou o Projeto de Lei n. 786/2020, que garante, em caráter
excepcional, durante a suspensão das aulas, a distribuição de alimentos para os
alunos beneficiados pelo Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) em
situações de emergência e calamidade pública. A medida beneficiaria os
estudantes, seus familiares e auxiliaria os produtores e cooperativas da
agricultura familiar, que estão com a renda comprometida devido a atua crise.
Medidas adotadas
para garantir a produção e amenizar as perdas no agronegócio
Em tempos de pandemia, a força do
agronegócio brasileiro está garantindo o funcionamento da cadeia de
abastecimento (produção, logística, indústria e varejo), com a adoção de novas
medidas de segurança para produtores, transportadores, empregados e população
em geral. Para amenizar os impactos da crise e auxiliar àqueles que colocam
comida na mesa de milhões de pessoas, os governos Federal e Estadual anunciaram
uma série de medidas voltadas ao agronegócio.
No dia 26 de março, o Ministério
da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) publicou a portaria nº 116, que
dispõe sobre os serviços, as atividades e os produtos considerados essenciais
para o pleno funcionamento das cadeias produtivas de alimentos e bebidas,
assegurando o abastecimento e a segurança alimentar da população brasileira enquanto
perdurar o estado atual de calamidade pública. Outra medida importante
divulgada pelo Mapa, por meio da Secretaria de Agricultura Familiar e
Cooperativismo (SAF), prorrogou por seis meses o prazo de validade das
Declarações de Aptidão ao Pronaf (DAPs), que vencem entre os dias 25 de março a
31 de dezembro de 2020. A iniciativa proporciona ao agricultor familiar acesso
às políticas públicas para manter a produção e distribuição durante o período
de pandemia.
A articulação com os setores
logísticos nesse momento é importante, bem como com os distribuidores para que
as operações não sejam paralisadas e as cooperativas agropecuárias com a crise
do Covid-19. Nesse sentido, uma estratégia é adotar práticas de
intercooperação, por meio de parcerias com cooperativas de outros ramos como
transporte, consumo ou crédito, por exemplo, para garantir a continuidade das
atividades. As cooperativas agropecuárias precisam estar atentas às
oportunidades mesmo nesse cenário de crise, e em contato com os órgãos públicos
encarregados de executar políticas sociais nos municípios e no Estado. Nesse
sentido a OCB vem acompanhando as necessidades das cooperativas agropecuárias Brasileiras
e monitorando as decisões relacionadas ao agronegócio de forma a garantir a
defesa do segmento e a sustentabilidade do negócio cooperativo.
Fontes:
Anuário do Cooperativismo Brasileiro 2019
Gerência de Desenvolvimento e Monitoramento de
Cooperativas/Sistema Ocemg.